musica

terça-feira, 8 de março de 2011

O Grande Dia

   


             
              
               I
 SOBRE UM POEMA

Não há mais tempo para sonhar
Talvez a realidade exista
O que importa?
Todas as palavras que pronunciei,
Se somadas fossem
Formariam um Universo
Universo de vagas ideias.
Pois é isto, tudo o que fiz,
Perdi-me em atos sem razões
Tentei o que todos sempre tentam,
Joguei o jogo
Da grande ilusão.

              II
    DOS ERROS

Errei, errastes, erramos
O verbo máximo.
Criamos enigmas
Fomos certos e caímos
Nas malhas da tentação.
Tudo poderíamos
Mas fomos apenas verbos,
Sem formas ou razão.
Errei em pensar
Errei em amar
Errei em acreditar
Que por detrás de cores e formas
Pudesse germinar

               III
        DO CAOS

O Caos
Nada mais é
Do que movimento
Movimento que leva
Ao Caos.
O Caos
Pede passagem sempre
Por entre paredes e
Buracos anais

              IV
       DA FAMÍLIA

Formam-se pares
Criam-se enlaces
Para gerar
Novos pares
E novos enlaces...
Então, sob leis
Vagas e cômicas,
Nos prendemos ao grande muro
No qual ouvimos
Lamentações eternas.

                     V
SOBRE POETAS E CANTORES

Sob a dor, geramos
Frases desconexas,
Ante o poder, pensamos
Não haver fim.
Se amamos, rimos ou choramos
Rimamos verbos,
Para enganar
A quem nos ouve.

              VI
         AO FIM

Cervejas, cigarros, carros
Que passam, passam, sem fim.
Embalagens, línguas, roupas,
Que nos deixam nus.
Chuva, asfalto, espera,
Ou Cristo seria
A própria razão de não se tentar,
Jamais.
Pois, enfim, míopes ou diabéticos,
Acabamos o dia
Em frente à TV.

                                   Jan.2001


Nenhum comentário:

Postar um comentário