I
SOBRE UM POEMA
Não há mais tempo para sonhar
Talvez a realidade exista
O que importa?
Todas as palavras que pronunciei,
Se somadas fossem
Formariam um Universo
Universo de vagas ideias.
Pois é isto, tudo o que fiz,
Perdi-me em atos sem razões
Tentei o que todos sempre tentam,
Joguei o jogo
Da grande ilusão.
II
DOS ERROS
Errei, errastes, erramos
O verbo máximo.
Criamos enigmas
Fomos certos e caímos
Nas malhas da tentação.
Tudo poderíamos
Mas fomos apenas verbos,
Sem formas ou razão.
Errei em pensar
Errei em amar
Errei em acreditar
Que por detrás de cores e formas
Pudesse germinar
III
DO CAOS
O Caos
Nada mais é
Do que movimento
Movimento que leva
Ao Caos.
O Caos
Pede passagem sempre
Por entre paredes e
Buracos anais
IV
DA FAMÍLIA
Formam-se pares
Criam-se enlaces
Para gerar
Novos pares
E novos enlaces...
Então, sob leis
Vagas e cômicas,
Nos prendemos ao grande muro
No qual ouvimos
Lamentações eternas.
V
SOBRE POETAS E CANTORES
Sob a dor, geramos
Frases desconexas,
Ante o poder, pensamos
Não haver fim.
Se amamos, rimos ou choramos
Rimamos verbos,
Para enganar
A quem nos ouve.
VI
AO FIM
Cervejas, cigarros, carros
Que passam, passam, sem fim.
Embalagens, línguas, roupas,
Que nos deixam nus.
Chuva, asfalto, espera,
Ou Cristo seria
A própria razão de não se tentar,
Jamais.
Pois, enfim, míopes ou diabéticos,
Acabamos o dia
Em frente à TV.
Jan.2001
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