musica

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Crônica - O Sol que brilha por aqui -




Venho pensando cá com meus botões, sobre esta euforia que de uns tempos para cá tomou conta das cabeças dos jovens, que deixam seus lares para se aventurarem mundo afora; ouço esta manhã alguns pássaros que dão um viva ao belo dia, repleto de sol, as pessoas estão felizes, com seus rádios a todo volume, decerto as praias estão lotadas, com famílias bebericando refrigerantes, crianças deixando aflorar  a liberdade que anseiam sempre, enquanto podem ser crianças.
Ouvindo agora Jean Luc Ponty, esta alma magnífica, nascida em terras Francesas, a mesma terra que nos doou Kardec; Este músico que encheu meus ouvidos de paz e que levou-me a viagens extraordinárias lá pelo final dos anos 70, com seu violino mágico, “dizendo sobre planetas, galáxias, amor, crianças, e moradas distantes, provavelmente”.
Então lembro-me de minhas aventuras, por praias do litoral norte, belíssimas e enigmáticas, pelas planícies do planalto central, pelas estradas desertas na época, pelos por de sóis lindíssimos que curtíamos em tardes melancólicas; Claro que sempre tive uma certa ânsia em ver de perto as pirâmides e alguns países do oriente, por onde passaram Cristo, Buda, Gandi, enfim...mas com o passar dos anos, minha alma foi se acalmando e aprendi que os melhores momentos são os que passamos com nossos amigos, filhos, e pessoas da família que nos são caros; Milhares de jovens se comunicam através de seus celulares ultra radioativos, ou pelos correios eletrônicos tão em voga hoje; atravessam fronteiras e cruzam Países, com a mesma facilidade com que cruzávamos a balsa de Bertioga, em feriados prolongados; misturam um misto de solidão e euforia pelos Euros ganhos com muito sacrifício, encontram seres, que aprendem a amar e muitas vezes , acabam por lá ficando, casando-se, tendo filhos e os que deixaram para trás, são revistos através de fotos ou de tempos em tempos, quando de passagem por aqui.
Sentem na pele o inverno rigoroso,  adaptam-se a novas maneiras, a outras comidas, vivem o silencio e muitas vezes a aspereza de outros povos , amontoam milhares de fotos digitais, mandam beijos e lembranças, e nas noites frias e vazias, costumam chorar no silencio de seus quartos.
É a grande, voraz e inexata globalização, que leva nossos jovens , atraídos por ilusórias promessas de ganho e estabilidade, outras vezes para fugirem da violência que toma conta de nossas cidades.
Nesta manhã, enquanto rola o Jean Luc Ponty, o sol tenta entrar em meu quarto, cujas cortinas mantenho fechadas - por estar um tanto quanto deprimido ,  um pássaro solitário canta alegremente, saudando este dia lindíssimo; Me lembro então  daquelas praias, de meu corpo dourado e das matas exuberantes, penso nos que estão distantes e sumidos e chego à conclusão que o sol que brilha por aqui não é o mesmo sol que às vezes brilha por lá.

                                                                                    Abril.2006
                                                              
                              

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