Há muito tempo vivia em um Pais distante, uma cobra, que vivia triste, pois queria muito chegar ao topo de uma alta montanha; Passava os dias a
se lamentar, se lamentava tanto que seus parentes mais próximos a abandonaram,
e seus amigos se foram.
Em uma casa nos arredores de onde vivia a cobra, morava um
galo, que nas manhãs primaveris, quando despontavam os primeiros raios de sol
bem longe, cantava, cantava e cantava, tão feliz que era por existir e por
poder apreciar a bela montanha bem ao fundo, onde se iniciava o céu e onde ele imaginava ser a morada dos Deuses.
Certa manhã, quando o senhor galo ensaiava as primeiras
notas em uma escala “eólia”, percebeu que alguém soluçava baixinho bem perto
dali; Deu alguns passos, atravessou um belo pomar, carregado de maçãs
vermelhas, que brilhavam radiantes de felicidade, desceu uma pequena rampa,
atravessou um extenso gramado que circundava o lago de águas claras e onde ele
todos os dias ia beber daquela água saborosa e refrescar suas penas.
Encontrou então a senhora cobra, cabeça baixa e um olhar
triste e banhado de lágrimas; Perguntou então o senhor galo – O que se passa
amiga cobra?-
Ao que a mesma respondeu – Senhor galo, saiba ilustre colega,
que fui abandonada por meus familiares e meus amigos próximos, dentre os
quais, três sapinhos, uma coruja, quatro minhocas e um velho tatu. – Porque lhe abandonaram, se mal lhe pergunto?
indagou o galo. – Bem, respondeu a cobra – Se cansaram de minhas lamentações
diárias, pois vivia a me queixar por não poder na montanha chegar .
O galo baixou a cabeça, deu duas ou três ciscadas no chão,
sacudiu as penas brancas e lustrosas, aproximou-se mais da cobra e assim falou: – Temos que agradecer por aquilo que a natureza nos dá; – Olhe ao seu redor, estas
flores lindas, sinta este perfume! As águas mansas do lago, árvores frutíferas neste pomar... – não vês
quanta beleza existe em tudo que nos rodeia, amiga? – Ademais, acho que se chegasse
lá no topo da montanha, até ficaria decepcionada! – Você acha? - perguntou
repentinamente a cobra. – Claro , colega! De lá veria a paisagem cá embaixo e
sentiria saudades, Não terias o calor que tens aqui ,nem uma boa água para
se banhar, nem tampouco abundância de
alimento, além de ter que se esconder
das águias que por lá habitam.
– Tens razão, meu bom amigo galo, fizeste-me ver coisas que
eu não via. – Oh! Como fui tola e insensata! Vou já voltar para casa e contar as
boas novas para todos que fugiram de mim. – Me dê um abraço amigão! – foi logo
dizendo então a cobra. Mas o galo como era esperto, recuou e acenando para a
cobra, despediu-se neste tom: – Não precisas me agradecer cara colega, e agora
me desculpe, pois tenho que ir rapidamente para casa, pois meus sobrinhos me
esperam. E foi subindo o gramado, cantando, cantando, feliz.
..E lá no alto, bem longe, a montanha que a tudo ouvia, permaneceu em seu silêncio letárgico.
Março.2011
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