Três bois discutiam sobre quem seria o próximo a ser abatido
pelo homem de cavanhaque e botas longas;
— Acho que serei eu,
* disse o primeiro — Afinal, sou o mais
velho, e minha carne já não Será tão atrativa muito em breve; E pelo que me
consta “nossos donos”, não podem perder dinheiro nesta brincadeira sem graça.
— Brincadeira, Você disse! — como pode chamar isto de
brincadeira Caro colega?
— nossas vidas estão por um triz, eu é que não vou chamar
isto de brincadeira, e sim de uma fúria imoral. — Amigo, acho que serei eu o
próximo, pois apesar de ser mais novo que você, tenho mais peso, como muita
ração e prejuízo é uma palavra que passa longe daqui. — sim, serei eu, *disse o
segundo boi, com lágrimas nos olhos e um ar de desespero que tocou profundamente
o mais velho.
O terceiro boi, que a tudo ouvia, era o mais novo da turma,
ainda em fase de crescimento, tomou da palavra e assim falou: — Caros amigos, com certeza o próximo a ser
abatido serei eu! — Afinal comemora-se
entre os humanos a data em que um deles nasceu há muito tempo atrás e que
depois seria morto pelos de sua própria espécie. E além disso, minha carne é
apreciada , por ser macia e tenra, segundo dizem...
— Mas o que tem a ver o nascimento de uma criatura de outra
espécie, ser comemorado com nossa carne? * resmungou o segundo. — Se ao menos se alimentassem dos de sua
própria raça ainda vai, mas nós! – o que temos a ver com isso? * Ruminou o
primeiro.
— Não sei, não sei... * choramingou o mais novo. — E
vamos silenciando, que nosso algoz está vindo!.
Tarde quente, o sol se recolhendo e uma brisa suave sobre os
campos; Meninos brincando sobre a relva, pássaros silenciosos em meio a
lamentos vindo do curral.
Uma tarde de dor e sangue.
Agosto/2012
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