musica

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Café da manhã



Certa manhã um pernilongo cochilava sobre as rendas de uma cortina amarela, com flores enormes, de um quarto luxuoso com mobília do mais fino gosto. Um sol tímido despontava por entre as folhas de um enorme abacateiro, plantado talvez de propósito defronte ao quarto, na época em que a enorme casa fora construída; O idealizador do projeto, do plantio do jardim e do pomar, já descansava no cemitério da cidade, e era pouco lembrado, desde a sua partida. Em seu túmulo havia uma inscrição, que lembrava um poema de José de Alencar, um busto de Cristo em seu derradeiro sofrimento, já um tanto gasto pelo tempo e algumas luzes coloridas, já queimadas há anos, que foram colocadas ali a mando do próprio falecido, quando em vida e que outrora acendiam todo mês de dezembro, dando um certo ar festivo ao cemitério, talvez para lembrar aos que  já haviam partido, que era natal!
Da cozinha, vinha um cheiro delicioso de café, um som de chuveiro no andar de cima, uma TV ligada e a empregada terminando de por a mesa.
O inverno se fora, despontava a primavera, tímidos raios de sol adentravam agora pelas frestas das janelas semi-abertas.
O pernilongo continuava imóvel em seu cochilo, sobre a cortina.
                                                                                  Fev.2013

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